logo-abii-site

55 (47) 3305-0732

contato@abii.com.br

Blog da ABii

Entrevista: Fabricio Petrassem Sousa, líder do GT Negócios da ABII

Tempo de Leitura: 8 minutos

Fabricio Petrassem Sousa assumiu a liderança do GT Negócios da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII) ao lado de Evandro Eckile Rodrigues, em fevereiro de 2021. IoT Manager da Macnica DHW e CEO da SOMA, Fabricio conta nesta entrevista um pouco sobre a sua trajetória profissional, os desafios, oportunidade e aprendizados com o caminho. Também avalia a importância da ABII no momento atual e o papel da tecnologia e das pessoas.

Como líder do GT Negócios, ele tem a expectativa de que seja uma experiência rica, principalmente no relacionamento interpessoal, uma vez que estará lidando com diversas pessoas que exercem diferentes atividades em diferentes empresas – cada um com sua visão, seus conhecimentos, suas limitações. “É, sem dúvida, um exercício e um aprendizado importante para o desenvolvimento das atividades profissionais. A posição de liderança traz a responsabilidade de unir o grupo, sensibilizá-lo com as atividades a serem desenvolvidas no ano e conduzir cada trabalho para os objetivos finais”, destaca.

Esta entrevista é uma continuidade da série iniciada em 2020, com líderes e diretores da ABII. É uma forma de inspirar e estimular a participação neste movimento. A ABII completa cinco anos de fundação em agosto de 2021 e atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da indústria 4.0 e da IIoT (Industrial Internet of Things) no Brasil.

Boa leitura!

::: Leia todas as entrevistas com os diretores e líderes

Conte sobre sua trajetória profissional. Como foi o início e como é hoje?

Fabricio – Iniciei minha carreira profissional atuando na área de marketing, mais especificamente com pesquisa e planejamento de mercado, em Florianópolis. Trabalhei durante 10 anos desenvolvendo estudos para estratégias de marketing e comunicação para grandes clientes, em institutos de pesquisa e agência de publicidade. Após esse período, aceitei um outro desafio e entrei como sócio em uma empresa familiar, a Soma Indústria, que projeta, fabrica e comercializa bancadas didáticas para o ensino técnico profissionalizante – onde ainda possuo atuação. Esta experiência permitiu minha aproximação com o ecossistema da indústria, tecnologia e inovação, principalmente após o início da participação nas Verticais de Negócios da ACATE. Mais recentemente, em 2018, fiz parte do grupo que idealizou o Perini City Lab (iniciativa que reúne projetos e iniciativas ligadas a temática de cidades inteligentes no Perini Business Park). Este projeto acelerou a criação da área de IoT na Macnica DHW, empresa multinacional japonesa com sede em Florianópolis – onde fui chamado para desenvolver e gerenciar esta unidade de negócios. Desde então, intensifiquei minha participação neste ecossistema, iniciando a participação na ABII, ampliando o envolvimento com a ACATE, dentre outros projetos.

Você continua estudando? Como o estudo se encaixa na sua rotina atual?

Fabricio – Sim, acredito muito no conceito “lifelong learning”, que é o processo de educação continuada. Nas décadas recentes, temos observado um crescimento exponencial nas esferas de informação e conhecimento, impulsionado pela aceleração das conexões e da evolução tecnológica. E isso naturalmente tem refletido diretamente no mercado de trabalho, que se caracteriza cada vez mais pelo dinamismo, adaptabilidade e multidisciplinaridade. O desafio é entender a velocidade dessas mudanças, conseguir absorver a quantidade absurda de informação e conhecimento disponíveis e, ao mesmo tempo, conseguir manter o foco em sua atuação principal. E isso exige muita disciplina, sensibilidade e dedicação para conseguir escolher as melhores fontes e conteúdos de aprendizados disponíveis atualmente.

Qual foi o momento de maior aprendizado profissional?

Fabricio – Em todos os momentos da minha vida profissional busquei tirar o máximo de aprendizado em todas as experiências – sejam positivas ou não. Mas penso que este recente período de transformação que estamos vivendo por causa da pandemia (que tem alterado muitos padrões, questionado diversas “verdades” e criado novas formas de relação entre empresas e pessoas) tem sido o grande aprendizado profissional da minha vida até o momento. Principalmente porque os ensinamentos deste momento não estão apenas ligados aos produtos, serviços, ou negócios, mas principalmente a comportamentos, pessoas e padrões de relações entre pessoas, empresas, produtos e serviços – impactando ainda em diversas questões legais, jurídicas e de administração pública, que estão colocando em cheque os padrões de eficiência determinados até o momento. Esse caldeirão de transformação está obrigando os profissionais a se adaptarem a uma nova realidade.

Teve alguma oportunidade que você deixou passar e se arrepende? Ou ao contrário, teve uma oportunidade que você abraçou e só depois percebeu o quanto ela mudou o roteiro da sua vida?

Fabricio – Ter abraçado o desafio de fazer parte do time da Macnica que está trazendo soluções para a transformação digital no mercado brasileiro foi a grande oportunidade que pode ter mudado o roteiro da minha vida. A partir dessa escolha, um horizonte de oportunidades profissionais e pessoais gigantesco tem se aberto diariamente. No livro “21 Lições para o Século 21”, o autor Yuval Harari desenha alguns cenários mostrando como a Inteligência Artificial está alterando o comportamento dos seres humanos em todas as esferas – nas artes, na indústria, no lazer, em casa, nas relações comerciais e interpessoais. E é justamente o que a Unidade de Negócios IoT / AI da Macnica está se propondo a fazer: fazer o melhor uso da tecnologia para melhorar a vida das pessoas. Isso é a conjunção de um propósito profissional com um pessoal, e esta conjunção é que nos move diariamente.

Uma dica para um jovem que está iniciando sua jornada profissional:

Fabricio – Existem diversas dicas ou pequenas regras universais atuais para o jovem encontrar o chamado “sucesso profissional”. Mas eu acredito que uma delas seja a principal: seguir o seu “DNA”, encontrar o seu propósito, descobrir o que te move. Isso é o que vai fazer valer a pena toda a caminhada. Precisamos ter paixão pelo que fazemos, e saber que o que estamos fazendo vai contribuir para algo maior na vida de todos. Muitos já tem isso muito claro desde cedo, outros precisam fazer essa busca. E a partir daí, ter foco, disciplina, aprendizado constante e determinação para seguir na caminhada.

Como você chegou a ABII e começou a participar do GT?

Fabricio – Minha entrada na ABII aconteceu logo que comecei a fazer parte do ecossistema de inovação e tecnologia oferecido pelo Ágora Tech Park (parque tecnológico localizado no Perini Business Park), onde iniciamos a operação do Perini City Lab e a unidade de negócios IoT/AI da Macnica. Acredito muito na união de forças que associações como a ABII podem trazer com vistas a um objetivo maior. Imediatamente me identifiquei com os objetivos e propósitos da Associação, e busco participar ativamente das atividades e missões propostas pelos GTs. Neste ano, me candidatei a líder do GT Negócios e tive a felicidade de assumir a missão. Estamos ainda iniciando o planejamento das atividades para o ano.

“O processo de transformação digital vai muito além da adoção de tecnologia para melhoria de processos. O impacto maior é na mudança de mindset das pessoas, por causa de um novo contexto global de mercado e de sociedade.”

Na sua opinião qual a importância da ABII no atual contexto atual do País?

Fabricio – O Brasil atravessa hoje um período muito particular em sua história. A desejada recuperação econômica tem sido adiada constantemente por fatores internos e externos – planos econômicos equivocados, polarização política, impacto do câmbio externo, impactos da pandemia, sem falar no eterno impacto do custo Brasil. Neste cenário, a evolução tecnológica vem acelerando processos e construindo “cenários paralelos” que contrastam com os índices globais da nossa economia. A missão da ABII é acelerar a propagação da Internet Industrial no Brasil – fundamental para que essa retomada aconteça, e possibilite desenferrujar algumas estruturas produtivas visando maior eficiência e eficácia nos processos da indústria, comércio e serviços. Falamos aqui de infraestrutura básica para que o desenvolvimento aconteça de fato. Este ano comemoramos os 10 anos da introdução do conceito de Indústria 4.0 no Brasil, o que joga uma luz em diversos índices que realçam o quanto temos que progredir nesse caminho. Então, vejo que temos, como ABII, mais do que uma missão, temos uma responsabilidade de contribuir para mudar essa realidade.

Neste momento que ainda estamos enfrentando uma pandemia, qual foi e está sendo o papel da tecnologia?

Fabricio – Fundamental, eu diria. Não só para que o impacto no mundo dos negócios seja menos drástico (permitindo e criando novas formas de relacionamento, novos modelos de negócios e novos conceitos de padrões pré-existentes), mas principalmente trazendo mais agilidade, mais abrangência e mais assertividade nas questões ligadas à área da saúde. O avanço da telemedicina, que vem trazendo acesso a diagnósticos e tratamentos a um público cada vez maior, é um exemplo desse importante papel desempenhado pela tecnologia. A aceleração da utilização da Inteligência Artificial em procedimentos médicos também trará impactos positivos em breve para a grande população. Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias IoT aplicadas à área de healthcare também estão impactando as cadeias produtiva, logística e de consumo. São conquistas reais e que já estão trazendo benefícios em nível global.

Você acredita que vamos para um outro patamar de utilização das tecnologias da indústria 4.0 e da IIoT após a pandemia ou já estamos em outro patamar?

Fabricio – Sem dúvida. E isso já está acontecendo, é um processo que já havia se iniciado antes da pandemia, e que foi acelerado por conta das novas demandas e necessidades do mercado, das mudanças de comportamento e da readequação de muitos negócios a esta nova realidade. Naturalmente estas mudanças acontecem em velocidade maior junto a alguns setores da indústria e atividades econômicas onde adoção de tecnologias já era uma realidade. Mas a tendência é que esta acessibilidade se torne cada vez maior, e isso dependerá da expansão e disseminação da IIoT no país – que é a principal missão da ABII. Como integrante e líder do GT Negócios desta entidade, buscarei engajar o grupo na busca de ações e projetos efetivos nessa direção, para que cada vez mais empresas e pessoas possam fazer uso da tecnologia para tonar nossas vidas melhores.

Qual a importância das pessoas na transformação digital?

Fabricio – O processo de transformação digital vai muito além da adoção de tecnologia para melhoria de processos. O impacto maior é na mudança de mindset das pessoas, por causa de um novo contexto global de mercado e de sociedade – este novo mundo “VUCA” (volátil, incerto, complexo e ambíguo). Assim, é fundamental o desenvolvimento de habilidades e capacidades para atuar em um cenário como esse, o que impacta fortemente nos processos estruturais das organizações, em mudanças culturais em processos e sistemas. A adoção de novas metodologias ganha força, e mais do que nunca, a importância das pessoas é crucial nesse processo. Estamos falando aqui de desenvolvimento de habilidades comportamentais, e não apenas técnicas. Assim, a capacitação das pessoas dentro de um ciclo planejado e constante dentro da organização torna-se cada vez mais essencial para que ela seja mais enxuta, eficiente e colaborativa.

Quem é seu guru, sua grande inspiração na vida? O que você aprendeu?

Fabricio – Não tenho um único guru, mas sim me inspiro em várias personalidades que de alguma forma contribuíram ou contribuem para minha constante evolução pessoal e profissional. Mas um dos que mais me inspiram é Dalai Lama, que me traz ensinamentos de como ter uma vida mais leve a partir das pequenas ações do dia a dia, com menos julgamento, mais amor e compaixão. Também trago seus ensinamentos para a minha atividade profissional, quando ele prega o exercício do respeito, da responsabilidade e de estarmos abertos para mudanças.

Indique um livro (ou um filme, ou uma série, ou um site, ou um canal) que seja inspirador:

Fabricio – O filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” me marcou bastante, pois apresenta o pensamento crítico e questionador do professor Keating, frente a uma escola altamente conservadora – mas que seguia o “padrão” para o local e a época em que o filme se passa. O professor estimula o pensamento crítico e autônomo dos jovens e os ajuda a enxergar o mundo de um ponto de vista diferente, perseguindo suas paixões e assumindo as rédeas das próprias vidas. Desta forma, ele permite que os alunos saiam da passividade, que reflitam sobre suas trajetórias e propósitos de vida. Um filme instigante, atemporal, e que traz a tona um tema que nos faz refletir sobre nosso comportamento frente as diversas situações em nossas vidas – sejam elas pessoais ou profissionais: pensamento autônomo, visão crítica e propósito de vida.

Sobre a ABII

A Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), fundada em agosto de 2016, atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da indústria 4.0 e da IIoT (Industrial Internet of Things) no Brasil. Fomenta o debate entre setores privado, público e acadêmico, a colaboração e o intercâmbio tecnológico e de negócios com associações, empresas e instituições internacionais, a partir do desenvolvimento de tecnologias e inovação. A ABII é signatária do Acordo de Cooperação com o IIC (Industrial Internet Consortium), consórcio criado em 2014, nos Estados Unidos, com o mesmo fim, pela IBM, GE e Intel. Buscando inserir o Brasil nesta revolução, Pollux, Fiesc/Ciesc e Nidec GA (empresa detentora da marca Embraco) uniram-se para fundar a ABII.

Compartilhe: